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QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DOS DOCENTES UNIVERSITÁRIOS DAS CIÊNCIAS EXATAS
(especial para SIIC © Derechos reservados)
Autor:
Hugo Machado Sánchez
Columnista Experto de SIIC

Institución:
Universidade de Rio Verde

Artículos publicados por Hugo Machado Sánchez 
Coautores Eliane Gouveia de Morais Sanchez* Hildenise Souza Santos** 
Professora, Universidade de Rio Verde, Rio Verde, Brasil*
Fisioterapeuta, Universidade de Rio Verde, Rio Verde, Brasil**


Recepción del artículo: 4 de enero, 2016
Aprobación: 8 de marzo, 2016
Conclusión breve
Ao avaliar a qualidade de vida no trabalho nos docentes da área de ciências exatas em uma IES verificou que os sujeitos possuem uma satisfatória qualidade de vida no trabalho, sendo estes estatutários e não estatutários. No que se refere aos gêneros não observou-se diferença significativa. Ao correlacionar qualidade de vida e qualidade de vida no trabalho verificou-se uma correlação positiva significante indicando que para este grupo elas se associam.

Resumen

O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade de vida (QV) e a qualidade de vida no trabalho (QVT) dos docentes universitários das ciências exatas, comparar a QVT entre os gêneros e correlacionar a QV com a QVT. Realizou-se um estudo descritivo de corte transversal, este foi realizado em uma universidade no centro-oeste brasileiro, com 51 docentes de ambos os sexos, sem idade pré-estabelecida, em regime de trabalho estatutário e não estatutário. Três questionários foram aplicados, um referente aos aspectos sociodemográficos; o WHOQoL-bref para avaliação da qualidade de vida e o TQWL-42 para avaliação da qualidade de vida no trabalho. Observou-se correlação significante entre QV e a QVT dos docentes das ciências exatas, não houve diferença significativa nos docentes em regime estatutários e não estatutários. Na comparação entre os gêneros dos docentes estatutários e não estatutários, observou-se que houve diferença significativa no domínio 1 da QV e nas esferas 2 e 3 referente a QVT, verificou-se que os docentes das ciências exatas possuem uma satisfatória QVT, sendo estatutários ou não estatutários. Na comparação dos domínios e esferas dos docentes estatutário e não estatutário, houve diferença significativa do domínio 1 da QV. Concluiu-se que QV e QVT se associam e que não há diferença entre os sexos, conclui-se também que a QV é considerada satisfatória para os docentes ciências exatas da universidade analisada.

Palabras clave
calidad de vida, estrés laboral, docentes universitarios, enseñanza en universidades, cuestionarios

Clasificación en siicsalud
Artículos originales> Expertos del Mundo>
página www.siicsalud.com/des/expertos.php/149035

Especialidades
Principal: EpidemiologíaSalud Pública
Relacionadas: EnfermeríaKinesiología

Enviar correspondencia a:
Hugo Machado Sanchez, Cep: 75901-970, Rio Verde -, Brasil


Abstract
The aim of this research was to evaluate the quality of life (QoL) and the quality of work life (QWL) of university teachers of exact sciences, comparing QWL among genders and correlating QoL with QWL. We conducted a descriptive cross-sectional study; it was performed at a university in the Brazilian Midwest, with 51 teachers of both sexes, without pre-established age, in statutory and non-statutory work regime. Three questionnaires were applied, one concerning to sociodemographic characteristics; WHOQoL-bref to evaluate the quality of life and TQWL-42 to evaluate the quality of work life. There was a significant correlation between QoL and QWL of teachers of exact sciences, there was no significant difference in teachers in both statutory and non-statutory regime. Comparing genders of statutory and non-statutory teachers, we observed a significant difference in the domain #1 of QoL; and in spheres 2 and 3 referring to QWL, it was found that teachers of exact sciences have a satisfactory QWL, no matter statutory or non-statutory. In comparing the domains and spheres of statutory and non-statutory teachers, there was a significant difference in the domain 1 of QoL. It was concluded that QoL and QWL have a link in between them and that there is no difference between the sexes, we also concluded that QoL is considered satisfactory for teachers of exact sciences in the University examined.


Key words
university professor, college education, questionnaire, occupational stress, quality of life


QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DOS DOCENTES UNIVERSITÁRIOS DAS CIÊNCIAS EXATAS

(especial para SIIC © Derechos reservados)
Artículo completo
Introdução

O termo qualidade de vida expressa um amplo constructo, multifatorial e multidimensional. No entanto, cada vez torna-se mais claro que não inclui apenas fatores relacionados à saúde, como bem-estar físico, funcional, emocional e mental, mas também outros fatores, tais como, trabalho, família e amigos, sempre atentando que a percepção pessoal de quem pretende se investigar é fundamental.1

O grande avanço das pesquisas sobre o interesse pela QV ocorreu na década de 90. através da Organização Mundial de Saúde (OMS), que reuniu especialistas e pesquisadores da área da saúde e QV de diversas regiões do mundo, para desenvolver um grupo de estudo sobre QV, com o objetivo de aumentar o conhecimento científico pelo tema, elaborar instrumentos e questionários de avaliação da QV dentro de uma expectativa cultural.2

Quando se fala sobre qualidade de vida, não se pode deixar de falar sobre QVT. Segundo Martel e Dupuis, 2006,3 a QVT corresponde a uma condição experimentada pelo indivíduo na busca dinâmica de seus objetivos hierarquicamente organizadas dentro dos domínios de trabalho, onde a redução da lacuna que separa o indivíduo a partir desses objetivos é refletida pelo impacto positivo sobre a QV geral do indivíduo, do desempenho organizacional e consequentemente, o funcionamento global da sociedade.

A docência é uma das profissões mais estressantes, que geram diversas síndromes causadas pelo excesso de atividades, influenciam a QV e a QV do trabalho (QVT) desses profissionais.4 Os docentes universitários estão expostos a vários fatores que são prejudiciais à saúde física e psicossocial, uma das principais causas seria a pressão diária associada à longa jornada de trabalho e a necessidade constante de atingir uma excelente qualificação, que associa ainda a insegurança profissional.5

A redução da produtividade muitas vezes é causada devido ao excesso da pressão, por melhores resultados, que é aplicado ao trabalhador no decorrer do seu dia-a-dia, à insatisfação financeira e ao estresse que ocorre no ambiente de trabalho. Cabe ao empregador promover um equilíbrio entre esses fatores, podendo proporcionar um bem-estar aos seus funcionários.6

O trabalho docente é caracterizado por uma baixa remuneração, inadequação estrutural das instituições e superlotação nas salas de aula. Alguns docentes realizam outras atividades fora da instituição de ensino superior (IES), isso acontece devido à baixa remuneração desses profissionais e estas situações primeiramente geram alterações físicas e psíquicas, pois estes não possuem descansos, e contribuem para o absenteísmo e abandono de emprego. Muitos não conseguem adaptar-se à essa rotina, desenvolvendo uma péssima QV e QVT.7

O trabalho docente, quando considerado deficiente, refere-se a um fenômeno que se denomina o mal-estar docente, que ocorre devido à falta de materiais e recursos humanos, violência nas salas de aulas e esgotamento físico. Tais fatores proporcionam prejuízos que podem ser: físicos, psicossocial, estresse, desgaste psíquico do educador. Em vários casos da docência os educadores podem desenvolver patologias relacionadas ao trabalho como a hipertensão arterial, LER/DORT, doenças coronarianas, distúrbios mentais, estresse e câncer, dentre outras.8

No que se refere à insatisfação dos docentes com a organização do ambiente de trabalho, a mesma acontece, dentre outros fatores, devido às condições precárias das salas de aulas, como tamanho inadequado, baixa iluminação, utilização de quadros de giz, carregar material didático e ausência de local para repouso. Essas insatisfações podem prejudicar constantemente a QVT desses docentes, o que gera alterações e problemas no estado psicossocial destes profissionais.9

Diante disto, o presente estudo teve como objetivo, avaliar a QV e a QVT dos docentes da área das ciências exatas em uma IES, comparar a QVT entre os gêneros e correlacionar a QV com a QVT.


Metodologia

Trata-se de um estudo observacional descritivo de corte transversal, caracterizado por uma investigação momentânea. Foi realizado em uma IES localizada em um estado do centro-oeste brasileiro. Foram convidados todos os 61 docentes universitários das áreas das ciências exatas, e a partir de tal número foi feito o cálculo amostral com intervalo de confiança de 95%, o qual indicou um mínimo de 49 docentes como sendo representativo de tal universo, todavia, foram avaliados 51 docentes, sendo estes de ambos os sexos, sem idade pré-estabelecida, docentes em regime de trabalho estatutários e não estatutários e docentes com mais de seis meses de docência universitária.

O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Excluíram-se do estudo docentes portadores de deficiência física, que exerciam exclusivamente atividade administrativa, em período de licença (independentemente do tipo de licença) e que estavam realizando estágio de docência.

Três instrumentos foram utilizados para coleta de dados, o primeiro referente aos aspectos sociodemográficos, o segundo a um instrumento específico para avaliação da QVT, contendo 42 questões seccionadas em seis grandes esferas, o TQWL-42 (Total Quality of Work Life), o terceiro questionário aplicado foi um instrumento genérico sobre QV da Organização Mundial da Saúde (OMS), o WHOQoL-bref (World Health of Quality of Life-Bref) este instrumento consiste na versão abreviada do WHOQoL-100 sendo que ambos foram propostos pela (OMS).

O primeiro instrumento foi elaborado pelos próprios pesquisadores, para realização da coleta de dados sociodemográficos. O questionário estruturado foi composto de questões objetivas que abordaram dados pessoais, dados referentes à saúde e dados referentes ao trabalho docente. É válido ressaltar que o referido instrumento foi elaborado criteriosamente e antes de ser aplicado o mesmo foi enviado a três juízes para correções e sugestões, em seguida, realizou-se um pré-teste, que apresentou outras correções que aprimoraram a instrui-lo.

O segundo instrumento refere-se ao TQWL-42, a construção deste questionário foi baseada nos principais modelos clássicos de QVT, seguindo os padrões do instrumento WHOQoL-100. Este instrumento é composto por 42 questões, que são divididas igualmente em cinco grandes esferas: Biológica/Fisiológica, Psicológica/Comportamental, Sociológica/Política e Ambiental/Organizacional.6

O TQWL-42 foi avaliado por um grupo de pesquisadores que atuam na área da QVT e este grupo verificou o coeficiente alfa de Cronbach igual a 0.85. Segundo o embasamento da classificação e o resultado obtido, pode-se afirmar que, o TQWL-42 possui uma alta consistência interna.6

O terceiro instrumento é o WHOQoL-bref, este é uma versão abreviada do WHOQoL-100 criada pelo Grupo de Qualidade de Vida da OMS em 1998, ele foi criado devido à necessidade de possuir instrumentos curtos e que exigem pouco tempo para serem preenchidos, preservando as características psicométricas. O WHOQoL-bref foi validado para a língua portuguesa e obteve alta consistência interna, verificado pelo coeficiente alfa de Cronbach igual a 0.91.10

Em relação à forma de aplicação do questionário, todos estes foram auto administrados, somente em caso de dúvida, os pesquisadores estiveram à disposição para auxiliar os respondentes, que tornam a aplicação assistida.

Os riscos foram mínimos, relacionados apenas aos riscos psicoemocionais, que estão presentes em todas as pesquisas que envolvem seres humanos, e ao dispêndio de tempo para responder aos questionários.

O convite foi realizado de forma verbal para cada docente das faculdades de ciências exatas. Em seguida foi apresentada uma breve explicação sob o desenvolvimento da pesquisa e os objetivos da mesma, após a descrição da pesquisa, os docentes abordados foram convidados a participar do estudo. Depois do aceite os docentes, estes foram instruídos a assinar o TCLE que foi entregue aos mesmos em duas vias, em seguida receberam um envelope contendo os três questionários. Os docentes tiveram a opção de respondê-los de imediato ou levá-los para responder em casa e entregá-los aos pesquisadores logo após do preenchimento dos mesmos. No ato do recebimento, os envelopes que contêm os três questionários foram lacrados sem identificação e somente abertos após serem recolhidos todos os outros.

A análise estatística foi realizada com o programa SPSS 20.0® e inclui análise descritiva no Excel 2013,® acompanhada de testes estatísticos de comparação e de correlação. Foram considerados significativos valores de p menor a 0.05.


Resultados

Os resultados referem-se à avaliação da QV e QVT de 51 docentes universitários das ciências exatas de uma IES. Neste estudo participaram docentes universitários, em regime de trabalho não estatutário e estatutário, sendo 32 docentes universitários não estatutários e 19 docentes universitários estatutário.

Dos docentes em regime de trabalho estatutário, 12 (nove) docentes eram do sexo masculino e 7 (cinco) docentes do sexo feminino, enquanto os docentes em regime de trabalho não estatutário, 21 docentes eram do sexo masculino e 11 docentes do sexo feminino.

A idade média dos docentes pesquisados foi de 35.63 ± 11.21 anos, sendo que os docentes do sexo masculino possuíram a idade média de 36.56 ± 12.16 anos, e os docentes do sexo feminino possuíram a idade média 33.40 ± 8.36 anos.

Na comparação pelo teste t entre a QV e QVT dos docentes em regime estatutário e não estatutário, não apresentou significância estatística.

Na comparação entre os domínios e esferas dos docentes em regime de trabalho estatutário e não estatutário. Observou-se que houve diferença significativa no valor p do domínio 1 referente ao domínio físico da QV (p = 0.03). Nas esferas do TQWL-42 referente a QVT, apresentou diferença estatística nas seguintes esferas da QVT, esfera 2 referente a esfera psicológica/comportamental (p = 0.03) e esfera 3 que refere-se a esfera sociológica/política (p = 0.01).

Ao comparar a QV e seus domínios, bem como a QVT e suas esferas entre os sexos, pode-se verificar que houve diferença significativa na esfera 2 (p = 0.04), referente a esfera psicológica/comportamental da QVT, demonstrando que os homens possuíram uma melhor percepção destes aspectos comparados as mulheres (Tabela 1).






De acordo com a Tabela 2, houve diferença no domínio 1 referente ao domínio físico da QV, entre os sexos masculinos estatutários e femininos não estatutários (p = 0.04), e nos sexos masculinos estatutários e masculinos não estatutários (p = 0.01), enquanto na esfera 2 referente a esfera psicológica/comportamental da QVT, houve diferença entre os sexos, masculino não estatutário e feminino não estatutário (p =0.05) e nos sexos masculino não estatutário e feminino estatutário (p = 0.03), a esfera 3 referente a esfera sociológica/política da QVT apresentou também diferença nos sexos masculino não estatutário e feminino estatutário (p = 0.01) e nos sexos feminino estatutário e feminino não estatutário (p = 0.03).






A QV e QVT estão alinhadas, se houver alguma alteração na QVT a QV consequentemente ambas serão alteradas. Na Figura 1 observa-se que houve uma correlação moderada, positiva, porém significante de rs = 0.51 e p = 0.04 entre a QV e QVT nos docentes estatutário, tal resultado foi obtido por meio do coeficiente de correlação de Pearson.






De acordo com a Figura 2 a correlação entre a QV e QVT nos docentes não estatutários, houve uma correlação moderada, positiva, porém significante de r = 0.4 e p = 0.001, tal resultado foi obtido por meio do coeficiente de correlação de Pearson.






A avaliação geral da QV dos docentes avaliados foi 69.62, valor este considerada satisfação intermediária, já o escore geral da QVT foi de 61.68, o qual é tido como percepção satisfatória.


Discussão

Os docentes universitários foram investigados nos cursos das ciências exatas de uma IES, estes foram divididos em estatuários e não estatutários. Neste estudo foi utilizado um instrumento genérico criado pela OMS o WHOQoL-bref, o mesmo possui quatro domínios: relações sociais, psicológico, físico e meio ambiente. O resultado da comparação entre os grupos dos docentes estatutários e não estatutário, não apresentaram diferença estatística, mas observou diferença estatística no domínio 1 que se refere ao domínio físico, porém esta diferença não alterou o resultado geral da QV.

Conceição, 2012,11 com o objetivo de verificar QV do enfermeiro docente que trabalha em instituição federal, estadual e privada, realizou um estudo com 38 docentes doutores, sendo que 17 pertenciam a universidades federais, 14 em estaduais e 6 privadas. Dos 38 docentes, 37 eram do sexo feminino e 1 do sexo masculino. Os dados foram obtidos por meio do WHOQoL-bref, os resultados gerais da QV determinaram que somente os docentes da universidade privada apresentaram pior QV, mas a QV foi considerada boa nas universidades federais e estaduais. Esses resultados obtidos mostraram que a QV em docentes doutores de universidades federais e estaduais, pode ser pelo fato que eles possuem uma menor carga horária em aula e uma maior carga horária em projetos de extensão e pesquisa, fato este que pode ter influenciado na QV.

No presente estudo, observou que não houve diferença significativa entre os docentes estatutários e não estatutários em relação à QV e QVT, mas ambos apresentaram carga horária exaustiva, justificando que estes profissionais conseguem lidar com suas atividades; talvez por conseguirem conciliar suas atividades laborais com sua vida social.

Em um estudo realizado por Koetz, Rempel e Périco12 foi analisado a QV de professores de IES do Rio Grande do Sul, através do questionário WHOQoL-bref com 203 professores e foi possível observar que o vínculo empregatício, relativos as horas (integral, parial e horista) teve diferenças significativas, onde os horistas tiveram menor média e os professores com horas parciais e integrais uma média maior.

Ao analisar outro estudo referente a QV de docentes, Penteado e Pereira13 com objetivo de avaliar aspectos associados à QV de professores e buscar relações com questões de saúde vocal, implantou uma amostra com 128 professores de ensino médio de quatro escolas estaduais de Rio Claro-SP, no ano de 2002. Utilizou-se no estudo o instrumento WHOQoL-bref para avaliar a QV dos docentes. O estudo totalizou em 238 docentes, na escola 1 avaliaram 74 docentes, na escola 2 foram avaliados 60 docentes, na escola 3 participaram 82 docentes e na escola 4 avaliaram 22 docentes. Com os dados obtidos verificou que a escola que melhor se destacou em QV foi aquela que possuía melhor ambiente laboral e boa localização.

Percebeu-se com os resultados acima que um ambiente melhor e localização favorecem para que os indivíduos tenham melhor QV. No presente estudo não foi analisado a influência do ambiente e localização, porém, favorece uma justificativa quanto aos resultados obtidos, pois o domínio 1 que está relacionado com o físico do profissional, que envolvem dor e desconforto, energia e fadiga, sono e repouso, mobilidade, atividades de vida cotidiana, dependência de medicação ou de tratamento, capacidade de trabalho, apresentou diferença significativa no sexo masculino estatutário e feminino não estatutário, e também no masculino estatutário e não estatutário.

Ao comparar ambos os resultados verificam-se que a QVT dos docentes masculino estatuário e feminino não estatutário estão influenciando na QV dos participantes deste estudo, porque o domínio 1 (domínio físico) vem influenciar na capacidade funcional dos sujeitos. Com referência aos resultados deste domínio mostra-se que estes sujeitos devem buscar melhorar as condições de vida para evitar stress em futuro próximo.

No estudo de Cardoso14 que objetivou identificar o índice de QV de mulheres docentes da área da saúde, implantou um estudo de caso em uma universidade no município do Vale do Paraíba, em que utilizou um instrumento validado em português Quality of Life Index (IQV), em 76 docentes, todas elas, lotadas nos cursos de graduação da área da saúde. Os resultados apontaram que as docentes possuem uma boa QV, principalmente no domínio família, psicológico-espiritual. Esse resultado infere que as docentes possuem uma boa QV em seu ambiente de trabalho, diferente dos resultados apresentados neste estudo em que a QV apresentou diferença significativa entre os grupos dos docentes masculino estatutário e feminino não estatutário, e também no masculino estatutário e não estatutário.

Na pesquisa realizada com os estatutários e não estatutários femininos e masculinos não estatutários e femininos estatutários foram constatados que houve diferença significativa no instrumento TQWL-42 que avalia a esfera 3 e na esfera 2 foi constatado diferença significativa no masculino não estatutário e feminino não estatutário.

Estes resultados demonstram que os sujeitos conseguem avaliar a si mesmo no ambiente laboral e com isso passam a identificar a importância do seu trabalho que julgam significativos tanto para a empresa quanto para a sociedade, e conseguem realizar uma autoanálise do seu desempenho no trabalho, identificam o que é correto ou o que não está sendo realizado de forma correta.

Vasconcelos et al.15 ao analisar os aspectos referentes a QVT do corpo docente no Centro de Ensino Superior de Santa Cruz implantou um modelo teórico avaliativo por meio da metodologia de Walton, que é composto por oito critérios, que estão relacionados com questões de desejos e expectativas dos colaboradores. Com os resultados verificaram que o nível de satisfação dos funcionários é alto em relação à QVT na instituição.

Diferente destes resultados, o presente estudo identificou que a QVT foi satisfatória, e apontou que tanto a QV como a QVT podem influenciar a satisfação dos sujeitos com o seu trabalho e/ou sua vida em geral. Timossi, Pedroso e Pillati16 dissertaram que ao correlacionar à QV com a QVT pode ser observado uma tendência da gestão de pessoas, visto que a eminente possibilidade de se avaliar a influência dos critérios da QVT na QV geral e também inversamente.

Estas relações apresentadas acima pelos autores mostram que a aplicabilidade dos instrumentos de QV e QVT é importante, principalmente porque auxilia na compreensão das carências que tem influenciado a vida dos sujeitos e, consequentemente auxiliam na possibilidade de tomada de decisões com avaliações decisivas que possibilita a redução dos pontos frágeis que os sujeitos estejam passando no ambiente de trabalho.

Petroski,17 com o objetivo de analisar a QVT percebida pelos professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), realizou um levantamento, junto a 366 professores permanentes ativos, de ambos os sexos com regime de dedicação exclusiva e que estavam efetivamente atuando no ensino de graduação e/ou pós graduação no semestre de 2003. Utilizou-se como instrumento a QVT percebida pelos professores. Com os resultados verificou-se que a QVT na UFSC está abaixo das necessidades dos docentes, porém a metade dos docentes estão satisfeitos com a sua QVT. Na comparação entre os gêneros, demostrou que o sexo masculino apresentou uma melhor percepção da QVT, ao comparar com o sexo feminino.

A QVT neste estudo não está em conformidade com o estudo de Petroski20 pois o que se observou foi que nesta amostra o menor número de docentes da IES apresentou que ambos os grupos da QV e QVT não houve diferença significativa entre ambas.

No entanto, Nair,18 com o objetivo de explorar a relação entre a QVT e seu efeito sobre cidadania organizacional e comportamental, elaborou um inventário de 8 (oito) questões, e entrevistou 30 docentes universitários, sendo 15 do sexo masculino e 15 do sexo feminino. Os resultados obtidos apresentaram que os docentes do sexo feminino possuem uma melhor QVT. No entanto, em relação ao nível de dedicação ao trabalho docente, as mulheres apresentaram um maior nível quando comparadas aos docentes universitários dos sexo masculino.

Outro estudo realizado no Brasil e no Canadá por Boas e Morin19 com o objetivo de avaliar os indicadores de QVT para os professores universitários e comparar os indicadores de QVT em universidades públicas em ambos os países, constitui-se de uma amostra com 205 professores de Minas Gerais e 268 do Quebec. Os dados foram obtidos por meio de um questionário online aplicado em fevereiro e março de 2013, foram identificados que os docentes brasileiros encontram mais sentido no trabalho do que os canadenses.

Ao apresentar satisfação na QVT no presente estudo, foi possível aferir que os professores de exatas apresentam contentamento na execução de suas atividades, confirmando com o estudo de Boas e Morin.19

Concordando com o estudo de Boas e Morin19 a QVT no presente estudo foi considerada satisfatória, em relação aos docentes serem prestativos e responsáveis, por isso estes apresentaram satisfação na realização de seu trabalho.

No atual estudo a correlação de Pearson entre a QV e QVT, nos docentes estatutários, houve uma correlação moderada, porém significante r = 0.51 e p = 0.05, da mesma forma que na correlação dos docentes não estatutário, houve a seguinte correlação moderada e significante r = 0.4 e p = 0.001. Taghavi et al.20 relataram que a correlação entre a QVT e a eficácia do desempenho foi igual a 0.698 (p = 0.00).

Com estes resultados observam-se que a QV e QVT estão relacionadas porque a capacidade para o trabalho, a autonomia e as relações interpessoais é influenciada, o que pode ser ressaltado é que existem fundamentos quanto à importância de práticas que auxilia na melhora das condições de trabalho, que, por sua vez, tendem a interferir diretamente na vida dos sujeitos.

Com os resultados obtidos neste estudo e com os diferentes estudos analisados pode-se referir que a QVT é bastante subjetiva e que está relacionada com a QV, que depende da cultura e estilo de vida dos sujeitos. A complexidade e entendimento relacionado a QVT é ampla, mas necessária para o aprimoramento as análises que afetam o indivíduo no seu ambiente de trabalho. Obter uma QVT e QV satisfatória é importante não somente para o sujeito mas também para a IES.


Conclusão

Ao avaliar a QVT nos docentes da área de ciências exatas em uma IES verificou que os sujeitos possuem uma satisfatória QVT, sendo estes estatutários e não estatutários. No que se refere aos gêneros não observou-se diferença significativa, no entanto a QVT dos docentes masculino estatuário e feminino não estatutário caracterizaram diferença significativa nas esferas 2, referente a esfera psicológica/comportamental e na esfera 3 referente a esfera. Enquanto que no domínio físico da QV houve influência na capacidade funcional dos sujeitos na QV, demonstrando que estes devem ser acrescidos de melhor condição de vida dos docentes universitários. Ao correlacionar QV e QVT verificou-se uma correlação positiva significante indicando que para este grupo elas se associam.
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