siiclogo2c.gif (4671 bytes)
IMPACTO DAS IMAGENS DA VELHICE NA QUALIDADE DE VIDA E BEM ESTAR DOS IDOSOS
(especial para SIIC © Derechos reservados)
sousa9.jpg
Autor:
Liliana Sousa
Columnista Experto de SIIC

Institución:
Secção Autónoma de Ciências da Saúde, Universidade de Aveiro

Artículos publicados por Liliana Sousa 
Recepción del artículo: 3 de enero, 2006
Aprobación: 2 de enero, 2006
Conclusión breve
As imagens da velhice descrevem os idosos como dependentes e desanimados, porém os estudos sobre a qualidade de vida demonstram que se mantêm competentes e felizes. Torna-se fundamental remover as atitudes e práticas ageistas, que influenciam de modo negativo a vivência da velhice.

Resumen

Na literatura a qualidade de vida nos idosos emerge, no global, como positiva, indicando que se mantêm competentes e felizes. Torna-se, pois, importante confrontar estes resultados com as imagens da velhice, uma vez que na sociedade ocidental os idosos têm sido estereotipados como senis, inúteis e dependentes. Estes estudos escasseiam no que concerne à população portuguesa. Assim, desenvolveu-se um estudo exploratório para identificar as imagens de sujeitos de vários grupos etários em relação à velhice e ao processo de envelhecimento. Um questionário de completamento de frases foi administrado a uma amostra de 120 sujeitos, 30 de cada um dos seguintes grupos etários: jovens, adultos, jovens-idosos e muito-idosos. Os principais resultados indicam que: i) os diferentes grupos etários tendem a partilhar as mesmas imagens; ii) as imagens são implícitas e negativas; iii) as imagens mais comuns são "fase normal da vida", "incapacidade e dependência" e "desânimo e vulnerabilidade". Estas imagens contrariam a vivência da velhice indicada pelos estudos de qualidade de vida nos idosos, sendo que a sua presença facilita atitudes ageistas, que promovem a dependência e incompetência nos idosos.

Palabras clave
preconceito, envelhecimento, qualidade de vida, estereotipagem, idoso

Clasificación en siicsalud
Artículos originales> Expertos del Mundo>
página www.siicsalud.com/des/expertos.php/78143

Especialidades
Principal: Infectología
Relacionadas: BioéticaMedicina FamiliarSalud Mental

Enviar correspondencia a:
L Sousa, Secção Autónoma de Ciências da Saúde, Universidade de Aveiro, Aveiro, Portugal


THE IMPACT OF IMAGES OF OLD AGE ON THE QUALITY OF LIFE AND WELL-BEING AMONGST THE ELDERLY (A STUDY OF THE PORTUGUESE POPULATION)

Abstract
In the research literature, the quality of life and well-being of the elderly are generally reported positively, revealing that they remain competent and content 1,2,3. It is important to confront these results with social images of ageing 1,4,5, since in Western society, older people have been stereotyped as senile, useless and dependent. For the Portuguese population such studies are scarce, so an exploratory study was developed in order to identify the images of ageing held by different age groups regarding old age and the ageing process. A questionnaire was administered to a sample of 120 subjects, 30 from each one of the following age groups: young, adult, young-old and old-old. The main findings suggest that: i) the different age groups share similar images; ii) images tend to be implicit and negative; iii) the most common images are "normal phase of life", "incapacity and dependence" and "melancholy and vulnerability". These images do not support the experience of ageing revealed by studies on the quality of life of older people and promote ageist attitudes that support dependence and incompetence amongst the elderly.


Key words
ageism, aging, quality of life, stereotyping, elderly


IMPACTO DAS IMAGENS DA VELHICE NA QUALIDADE DE VIDA E BEM ESTAR DOS IDOSOS

(especial para SIIC © Derechos reservados)
Artículo completo
O envelhecimento populacional exige a caracterização da qualidade de vida e bem estar dos idosos, do ponto de vista dos próprios, para que cada vez mais se dinamizem medidas adequadas a esta população, que permitam o alcançar de um envelhecimento bem sucedido. Assim, no artigo “Qualidade de vida e bem estar dos idosos – um estudo exploratório na população portuguesa”,1 caracterizou-se a qualidade de vida e bem estar de idosos, com 75 ou mais anos, tomando a sua perspectiva. Os resultados demonstram que 64.4% dos inquiridos são autónomos e 8.7% quase autónomos, sugerindo que apenas uma minoria (26.9%) apresenta problemas de diminuição cognitiva grave ou algum grau de dependência. Os dados, na sua globalidade, são consistentes com os obtidos em estudos realizados com populações de outros países.2,3

Entre as implicações dos resultados destaca-se a importância de conhecer as imagens sociais da velhice,2,4,5 uma vez que na sociedade ocidental os idosos têm sido estereotipados (e desqualificados) como rígidos, senis, inúteis e dependentes. Com esta finalidade, desenvolveu-se um estudo exploratório para identificar as imagens, de sujeitos de vários grupos etários, em relação à velhice e ao processo de envelhecimento e contribuir para repensar as formas de promover o bem-estar dos idosos, removendo algumas barreiras relacionadas com as imagens. Em Portugal a problemática das imagens da velhice e do envelhecimento já tem sido abordada, embora muito centrada nas imagens que os jovens têm dos idosos: Simões6 abordou os estereótipos em relação às pessoas idosas numa população de jovens adultos e adultos; Neto, Raveau & Chiche7 estudaram as representações da velhice junto de jovens do ensino secundário; Neto8 pesquisou os estereótipos de estudantes universitários em relação a jovens e idosos.

Atendendo ao carácter implícito e multidimensional das imagens sociais, optámos por administrar um questionário de completamento de frases, composto por 3 frases: uma pessoa velha é...; a velhice é...; sabemos que alguém está velho quando... Este questionário foi administrado a uma amostra de 120 sujeitos, distribuídos equitativamente por 4 faixas etárias: jovens (13-27 anos), adultos (33-47 anos), jovens-idosos (53-67 anos) e muito-idosos (73-87 anos).


As imagens da velhice e do envelhecimento

As imagens referem-se a representações a partir da aparência externa do corpo humano, relacionando-se proximamente com os estereótipos que são simplificações das imagens.9 As pessoas tendem a, quase automaticamente, categorizar os outros (e os próprios) em torno de três grandes dimensões: idade, raça e género.10 De facto, de modo mais ou menos consciente, a idade determina a interacção, uma vez que pela idade percebida no outro se inferem um conjunto de competências e características (cognitivas, funcionais, religiosas).11

O termo ageism (que em português tem sido traduzido por idadismo) foi definido pela primeira vez por Butler,12 para descrever os estereótipos e enviesamentos negativos em relação às pessoas idosas. É inegável que o envelhecimento é acompanhado por um conjunto de limitações, principalmente, relacionadas com o declínio das capacidades motoras e sensoriais. Contudo, existem igualmente aspectos positivos que acompanham o avanço na idade, tais como a maturidade, sabedoria e experiência de vida. O inconveniente está em que as imagens da velhice e do envelhecimento tendem a assentar na sobre-generalização e na sobrestimação das incapacidades dos idosos.

O ageism caracteriza-se por ser, tendencialmente, implícito, pois não há grupos que rejeitam manifestamente os idosos e os perseguem (como tem ocorrido entre raças ou religiões). As imagens, estereótipos e discriminação baseada na idade cronológica apresenta características específicas que as diferenciam de outros tipos, como o racismo ou o sexismo. Designadamente, em geral, as pessoas não mudam o género, raça ou etnia, mas todos avançam na idade e serão um dia idosos.

Além disso, as diferenças em relação a essas outras formas de discriminação assentam, desde logo, na ausência de consenso sobre o conceito de velhice, isto é, sobre se deve ser definida pela idade cronológica, idade funcional ou em termos de acontecimentos de vida significativos, tais como, a reforma ou a viuvez. Acresce que a classificação baseada na idade não é estática, muda à medida que se progride no ciclo de vida. Deste modo, qualquer pessoa que tenha sorte virá a ser idoso, ou seja, os não-idosos virão a ser idosos, além disso, os idosos já foram não-idosos.


Impacto das imagens na qualidade de vida e bem estar dos idosos

As imagens têm duas funções:13 permitem fazer juízos (para o melhor e o pior) e dão informação que regula a interacção com os outros. O seu impacto pode ocorrer a vários níveis: nos idosos, nos não-idosos (forma como vêem os idosos e encaram o próprio envelhecimento) e nas relações sociais.

A forma como se fala da velhice e do envelhecimento tem um papel importante no funcionamento das pessoas idosas, assim: quando são mencionadas como inteligentes ou competentes, o reforço positivo associado torna-as mais capazes de se movimentarem de modo mais estável e rápido; da mesma forma, acreditar em estereótipos negativos sobre o envelhecimento, tais como senil, dependente ou frágil pode limitar as suas capacidades funcionais.14 O impacto das imagens da velhice e do envelhecimento nos não-idosos revela-se principalmente, na forma como encaram a sua (futura) velhice. Os idosos representam para os mais novos a ameaça do próprio destino:11 diminuição da beleza, saúde, sensações e aproximação da morte.

De facto, o ageism desencadeia discursos, atitudes e práticas discriminatórias baseadas na idade.15-18 Diversos efeitos do ageism para as pessoas idosas têm sido descritos na literatura: isolamento da comunidade e institucionalização desnecessária;19 redução do sentimento de auto-eficácia, diminuição do rendimento e stresse cardiovascular;20,21 contributo para os maus tratos dos idosos.22

Mais especificamente na interacção com os profissionais de saúde, a pesquisa tem demonstrado que as pessoas idosas estão em situação de desvantagem. A crença de que as pessoas idosas são rígidas, têm dificuldades em mudar, apresentam deterioração das capacidades mentais, são doentes, estão cansadas, são incompetentes, tristes e têm falta de interesse pela interacção social, leva os profissionais a um conjunto de atitudes e práticas, por exemplo: acreditar que a psicoterapia não é adequada para os idosos;23,24 infradiagnóstico de depressão, ansiedade, dor crónica ou excesso de incapacidade, pois são confundidos com elementos do “envelhecimento normal”;25-27 tendência para atribuir com mais frequência aos idosos, do que aos mais jovens, diagnósticos do tipo orgânico (como demência) e mais tratamentos farmacológicos.28,29

Os efeitos do ageism encontram-se, igualmente, na forma como os idosos são tratados nas instituições sociais de apoio a idosos, por exemplo: quando se examina a comunicação usada nessas instituições verifica-se pouca atenção às necessidades de afiliação e apoio social dos utentes,30 sendo comum a utilização de linguagem infantilizadora por parte dos profissionais,31 a qual reforça-se comportamentos ou atitudes de dependência da parte dos idosos.


Objectivos

Este estudo exploratório pretende caracterizar as imagens da velhice e do processo de envelhecimento em diferentes faixas etárias (jovens, adultos, idosos-jovens e muito-idosos). Nesta pesquisa não se recorre à comparação entre jovens e idosos, procurando eliminar enviesamentos decorrentes dessa confrontação, uma vez que se tem verificado que a velhice é julgada de forma mais negativa quando os inquiridos têm de comparar pessoas velhas e novas.17 Por outro lado, esta pesquisa incide nos velhos e na velhice em geral, sabendo-se que a negatividade das imagens aumenta quando não está em causa um idoso ou grupo de idosos em particular.17


Metodologia

Instrumento

Sabendo-se que as imagens são multi-dimensionais e, tendencialmente, implícitas, decidimos captá-las com base em 3 frases que os inquiridos deveriam completar: Uma pessoa velha é... pretende recolher as imagens relativas aos idosos duma forma personalizada; A velhice é... procura despessoalizar a imagem; Sabemos que alguém está velho quando... tenta alcançar as imagens relativas ao processo de envelhecimento. No conjunto, estas 3 questões permitem obter uma imagem global da velhice e do envelhecimento. Este questionário foi administrado por auto-preenchimento, apenas no caso de sujeitos analfabetos a administração se efectuou por entrevista.


Amostra

Os dados foram recolhidos junto de uma amostra de conveniência composta por 120 sujeitos (67.3% do sexo feminino), 30 de cada uma das faixas etárias seguintes: 15-25 anos (jovens); 35-45 anos (adultos); 55-65 anos (idosos-jovens); 76-85 anos (muito-idosos). Ao nível da escolaridade verifica-se que: 9.2% nunca frequentaram a escola; 30.8% realizaram até 4 anos de escolaridade; 11.6% possuem entre 5 a 9 anos de escolaridade; 14.2% têm o ensino secundário; 34.2% apresentam ensino superior.


Análise dos dados

O processo de análise dos dados compreendeu duas fases: a definição das categorias e a classificação das respostas nessas categorias. A criação das categorias realizou-se através de um processo interactivo de sucessivo refinamento, envolvendo dois juizes independentes. Cada um deles leu todas as respostas e desenvolveu uma lista de categorias; em seguida os dois juizes compararam e discutiram as categorias, até chegarem a um acordo. Na segunda fase outros dois juizes classificaram as respostas nas categorias definidas, sendo que cada resposta devia ser classificada em todas as categorias a que fazia referência. A estes juizes foi entregue pelos anteriores uma lista das categorias, acompanhada da definição (quadro 1), dos critérios de inclusão e de exemplos. Após cada juiz ter classificado independentemente as respostas, os dois juizes juntaram-se para discutir os (des)acordos. Verificou-se que houve concordância em 87% das respostas. Finalmente, foram discutidas as situações em que não havia acordo, que levou à concordância em todos os casos.







Resultados

Diferenças entre grupos etários em cada frase


Uma pessoa velha é...

Na amostra global, as categorias que mais se destacam nesta questão são (quadro 2): “incapacidade e dependência”, “fase normal da vida”, “desânimo e vulnerabilidade” e “sabedoria”. Estas mesmas categorias são as mais frequentes em cada um dos grupos etários, embora com diferentes hierarquias. O estudo comparativo das distribuições dos grupos etários pelas diferentes categorias, através do chi-quadrado, demonstrou que as diferenças apenas são significativas entre jovens e muito idosos (χ2 (9) = 20.059; p < 0.025). Verifica-se que os jovens privilegiam, em relação aos muito idosos, a imagem da “sabedoria”, enquanto os muito idosos salientam, comparativamente aos jovens, a “incapacidade e dependência”.


Quadro 2

A velhice é...

Os resultados para a amostra global indicam que os inquiridos associam a velhice, principalmente, a uma “fase normal da vida” (quadro 2). A segunda categoria mais referida, com uma percentagem muito aquém da anterior, é a “incapacidade e dependência”. Esta organização das imagens é comum a todos os grupos etários, apesar de se notar uma tendência para que a velhice como uma “fase normal da vida” tenha a maior incidência entre os idosos-jovens (96.7%) e mais baixa entre os muito-idosos (46.7%). A imagem de “incapacidade e dependência” assume valores mais elevados entre os adultos (23.3%) e mais baixos entre os jovens (10%). Contudo, os estudos comparativos através do chi-quadrado, demonstraram não existirem diferenças significativas entre os grupos etários.


Sabemos que alguém está velho quando

Para a amostra global, a imagem mais associada a esta frase é a de “incapacidade e dependência”, seguida de “desânimo e vulnerabilidade”, “aspecto físico” e “fase normal da vida” (quadro 2). Estas são as imagens predominantes em 3 dos grupos etários: muito-idosos, idosos-jovens e adultos. Entre os jovens, há uma diferença: a imagem de “fase normal da vida” não está entre as mais mencionadas, sendo substituída pela de “aborrecido e antiquado”.

O estudo do chi-quadrado demonstrou que as diferenças apenas são significativas entre jovens e muito idosos (&chi2 (9) = 19.416; p < 0.025). Essencialmente, observa-se que os muito-idosos, em comparação com os jovens, salientam mais a imagem de “fase normal da vida”; por seu turno, os jovens, em relação aos muito-idosos, relevam as imagens de “aspecto físico” e “aborrecido e antiquado”.


Diferenças entre frases para cada grupo etário

A análise das diferenças entre as respostas às três frases para a amostra global, indica que as diferenças são sempre significativas: entre uma pessoa velha é... e a velhice é... 2 (9) = 71.560; p < 0.001); entre uma pessoa velha é... e sabemos que alguém está velho quando... 2 (9) = 48.784; p < 0.001); entre a velhice é... e sabemos que alguém está velho quando... 2 (9) = 95.538; p < 0.001). Desta forma, os resultados indicam que a imagem revelada pela amostra global para cada frase é diferente. A imagem de “fase normal da vida” destaca-se para as três frases, mas de forma destacada como resposta à frase a velhice é..., seguindo-se uma pessoa velha é... A “incapacidade e dependência”, também, é uma das imagens mais referidas em qualquer das frases, salientando-se para sabemos que alguém está velho quando... seguindo-se uma pessoa velha é... A imagem relativa ao aspecto físico apenas se destaca para a frase sabemos que alguém está velho quando...

No grupo etário dos jovens, também se observa que as diferenças são sempre significativas: entre uma pessoa velha é... e a velhice é... 2 (9) = 32.336; p < 0.001); entre uma pessoa velha é... e sabemos que alguém está velho quando... 2 (9) = 25.042; p < 0.01); entre a velhice é... e sabemos que alguém está velho quando... 2 (9) = 39.105; p < 0.001).

Nos adultos as diferenças são significativas entre uma pessoa velha é... e a velhice é... 2 (9) = 22.308; p < 0.01) e a velhice é... e sabemos que alguém está velho quando... 2 (9) = 28.868; p < 0.001); porém não se encontram diferenças significativas entre as respostas às frases uma pessoa velha é... e sabemos que alguém está velho quando...

A velhice é... associada a apenas uma imagem “uma fase normal da vida”, diferenciando-se da resposta às outras duas frases, em que esta categoria também emerge de modo destacado, mas agregada a outras categorias (principalmente, “incapacidade e dependência” e “desânimo e vulnerabilidade”).

Essencialmente, ocorre o mesmo que entre os adultos: velhice é... associada quase exclusivamente a “uma fase normal da vida”, enquanto nas respostas às outras duas frases, essa categoria também surge, mas em comum com outras categorias (principalmente, “incapacidade e dependência” e “desânimo e vulnerabilidade”).

Nos muito-idosos as diferenças são significativas sempre entre as questões: uma pessoa velha é... e sabemos que alguém está velho quando... 2 (9) = 18.946; p < 0.05); a velhice é... e sabemos que alguém está velho quando... 2 (9) = 22.474; p < 0.01). Todavia não há diferenças significativas entre uma pessoa velha é... e a velhice é...

As respostas à frase sabemos que alguém está velho quando... diferencia-se das outras duas, basicamente porque a categoria “incapacidade e dependência” se destaca entre as outras categorias. As respostas às questões uma pessoa velha é... e a velhice é... são similares, embora a categoria mais referida no primeiro caso é a “incapacidade e dependência” e no segundo “fase normal da vida”, existe em ambos os casos a associação a outras categorias, designadamente ao “desânimo e vulnerabilidade”.


Discussão dos resultados

As categorias emergentes podem ser equacionadas como as dimensões que compõem as imagens. Neste estudo a maioria das categorias são de cariz negativo (incapacidade e dependência; desânimo e vulnerabilidade; doente; aborrecido e antiquado; estorvo e estar abandonado), apenas duas são positivas (sabedoria e momento feliz para aproveitar a vida) e três podem ser consideradas neutras (fase normal da vida, estado de espírito e aspecto físico). Os conteúdos envolvidos nas dimensões englobam várias áreas: afectiva (desânimo), social (antiquado, abandonado), cognitiva (sabedoria) e física/funcional (dependência, aspecto físico). No entanto, nas categorias positivas as dimensões referidas são essencialmente cognitivas (sabedoria) e sociais (momento de aproveitar a vida); as categorias neutras apresentam essencialmente aspectos desenvolvimentais (fase normal da vida e aspecto físico) e afectivas (estado de espírito). Os dados indicam que a velhice e o envelhecimento são dimensionados em várias perspectivas, do ponto de vista negativo (biológica, psicológica, social e experiencial), mas do ponto de vista positivo apenas na área cognitiva e social e no neutro nas áreas desenvolvimental e afectiva.

A multi-dimensionalidade das imagens da velhice está, pois, presente ao nível da estrutura e dos conteúdos. Estes resultados estão de acordo com os estudos mais recentes, nos quais as imagens em relação à velhice e ao envelhecimento ultrapassam a simples enumeração de traços positivos e negativos (típica em estudos menos recentes) e se evidenciam em sub-categorias.11,32-34 Para além disso, os dados indiciam que a discriminação em relação às pessoas idosas envolve componentes cognitivas, afectivas, emocionais, comportamentais e sociais.

Para melhor analisar as imagens emergentes da velhice e envelhecimento organizámos a figura 1 que resume os principais resultados.







Comecemos por focar as imagens emergentes para a amostra global. Sendo que todas as frases propostas aos inquiridos se centram na velhice e no envelhecimento, verifica-se que as respostas variam, de forma significativa, consoante a frase proposta, acentuando a ideia de que as imagens são multi-dimensionais, implícitas e mesmo contraditórias.

O carácter implícito das imagens da velhice tem emergido em vários estudos,35,36 indicando que operam sem consciência ou controlo de quem os percepciona, o que torna o seu impacto em termos de discriminação e comportamento mais forte. De facto, se as pessoas não estão conscientes da imagem negativa tendem a atribui-la a outro factor que melhor encaixe na sua auto-imagem preferida. Por exemplo, esta circunstância é patente na tendência dos idosos para, perante um problema de saúde, o atribuírem de imediato “à idade” e ao declínio físico, podendo desleixar um problema de saúde sem essa relação.

De qualquer forma, é possível identificar um elemento comum nas respostas a qualquer das questões: “uma fase normal da vida” (que apenas falha entre jovens e adultos na frase sabemos que alguém está velho quando...) e aponta para a normalização da velhice, como um estádio do desenvolvimento, com características específicas. Paralelamente, na frase a velhice é... verifica-se uniformidade entre todos os grupos etários e a imagem emerge como uni-dimensional: uma fase normal da vida.

Esta imagem de “fase normal da vida” parece ser a mais implícita, pois os inquiridos parecem refugiar-se em associar a velhice a mais uma etapa da vida, apesar de nas outras questões este aspecto não ser o determinante (embora presente). Este resultado analisado no contexto dos dados provenientes das outras questões pode indicar o cariz implícito das imagens, que dificulta a sua expressão pelos sujeitos ou os inibe de dar respostas negativas, até porque todos sabem que um dia serão velhos.32

Paralelamente, a imagem de “incapacidade e dependência” (limitações funcionais) e “desânimo e vulnerabilidade” (afectivas e relacionais) surge associada por todos os grupos etários às frases uma pessoa velha é... e sabemos que alguém está velho quando... Deve salientar-se que estas imagens de cariz mais negativo, que apontam para a dependência física e tristeza, não têm uma correspondência directa com a vivência da velhice.38 Mais concretamente, em Portugal, nos dois estudos mais alargados realizados neste âmbito verificou-se que essas imagens não correspondem à situação dos idosos.

O Observatório Nacional de Saúde38 verificou em sujeitos com 65 anos ou mais que: 8.3% - totalmente dependentes; 12% - necessitam de apoio diário nas actividades quotidianas; 79.7% são independentes. Sousa, Galante & Figueiredo,1,39,40 num estudo com uma amostra representativa da população portuguesa com 75 anos ou mais, observaram que: 54% dos sujeitos eram completamente independentes, 15.8% apresentavam algumas limitações ao nível das actividades instrumentais de vida diária, 14.7% eram muito dependentes e, apenas, 12.5% eram completamente dependentes. Os níveis de dependência correlacionam-se com a idade e tendem a ser superiores após os 80 anos. Observa-se, ainda, que apenas os sujeitos muito dependentes se apresentavam com mais tendências depressivas e percebiam menor qualidade de vida.

As imagens mais negativas surgem associadas à frase sabemos que alguém está velho quando..., neste caso os sujeitos têm dificuldade em identificar aspectos positivos, revelando que os sinais de velhice são mais no âmbito da incapacidade e dependência. Verifica-se que os muito-idosos e os idosos-jovens salientam a imagem de “fase normal da vida”, enquanto os jovens e adultos associam mais a imagem de “desânimo e vulnerabilidade”. Trata-se, provavelmente, de mais um indício do carácter implícito das imagens,32 pois enquanto se centra na velhice ou numa pessoa velha a negatividade surge esbatida ou compensada por aspectos positivos e neutros, quando o enfoque se dirige aos sinais de entrada na velhice elevam-se os aspectos negativos.

Os dados sugerem poucas diferenças etárias. Quando se comparam as respostas a cada uma das frases pelos vários grupos etários verifica-se que apenas se encontram diferenças significativas entre jovens e muito-idosos em duas frases: uma pessoa velha é... e sabemos que alguém está velho quando... Os jovens na resposta a uma pessoa velha é... salientam a “sabedoria”, enquanto os muito-idosos dão relevo à “incapacidade e dependência”. Na frase sabemos que alguém está velho quando... os jovens relevam o “aspecto físico” e os muito-idosos salientam a “fase normal da vida”. Os jovens, comparativamente, aos muito idosos, relevam aspectos positivos, cognitivos e de aparência, enquanto os muito-idosos salientam aspectos negativos ou neutros, funcionais e normalizadores da vivência da velhice.

Relativamente à variação das imagens da velhice e do envelhecimento em diferentes grupos etários, os estudos menos recentes indicavam que quanto mais novos fossem os indivíduos mais atitudes negativas teriam em relação aos idosos.34 Contudo, pesquisas posteriores não confirmam essa ideia:35,36,41 nuns casos não indicam diferenças etárias; noutros indicam que os idosos têm imagens mais favoráveis em relação à velhice do que os jovens; noutros casos os idosos são mais negativos em relação à velhice.

Quando se compara o comportamento de cada grupo etário ao longo das 3 frases propostas emergem algumas diferenças: entre os jovens as diferenças são significativas entre todas as frases; nos adultos e jovens-idosos as diferenças são significativas entre a velhice é... e as outras duas frases, mas são idênticas entre uma pessoa velha é... e sabemos que alguém está velho quando...; nos muito-idosos as diferenças são significativas entre a resposta à frase sabemos que alguém está velho quando... e as outras, mas não há diferenças entre uma pessoa velha é... e a velhice é... Para os jovens parece que cada frase remete para aspectos diferentes, adultos e idosos-jovens diferenciam a velhice como uma fase normal da vida, das outras duas frases, enquanto os muito-idosos diferenciam o saber quando alguém está velho das outras frases.

Apesar das diferenças raramente serem significativas é possível, a partir dos resultados (cf. figura 1), sugerir uma tendência diferenciadora dos grupos etários:

- Os muito-idosos e os idosos-jovens apresentam imagens similares, pois mantêm a imagem de “fase normal da vida” em todas as frases, e a “incapacidade e dependência” para duas das frases. Estes dois grupos etários centram-se em aspectos funcionais e não tanto em aspectos afectivos, salientando imagens negativas ou neutras.

- Os jovens e os adultos também apresentam composição de imagens similares, que incluem: sabedoria, desânimo e vulnerabilidade, fase normal da vida e incapacidade e dependência. Ou seja, acrescentam aspectos positivos e conteúdos cognitivos, sociais e afectivos, aos funcionais e desenvolvimentais, que emergem entre os muito-idosos e os jovens-idosos.

Os grupos etários mais novos realçam a sabedoria nas pessoas velhas, que as próprias não realçam. Heikkinen42 realçou, num estudo qualitativo e longitudinal, que a vivência da velhice se faz, em grande parte, pelas condições corporais. Os factores de vulnerabilidade na vivência da idade avançada são: deterioração da saúde e sensorial (particularmente, visão e audição), doenças, dor e problemas de memória, mobilidade e relacionamento social. Os mais jovens, provavelmente, têm mais a imagem das pessoas idosas como avós, que para os netos representam43 alguém que sabe mais: professor (ensina o que sabe aos netos); mentor (mais do que transmitir competências, incendeia a imaginação); génio (significa que os avós têm um poder de satisfazer os desejos dos netos).


Conclusões

Em todos os grupos etários as imagens da velhice e do envelhecimento apresentam três principais componentes: incapacitação e dependência; desânimo e vulnerabilidade; fase normal da vida. Em termos mais específicos verifica-se que a imagem de fase normal da vida é mais consistente entre os idosos do que entre os não-idosos; enquanto a imagem de desânimo e vulnerabilidade é mais consistente entre os não-idosos; a imagem de sabedoria emerge entre os não-idosos, associada a uma pessoa velha é...

Apesar de ser inegável que com a velhice aumenta a incapacidade, dependência, incidência de doenças (especialmente crónicas), de facto a maioria dos idosos envelhece de forma satisfatória.1,44 Assim, as imagens tendencialmente negativas que emergem associadas à velhice e ao envelhecimento, acabam por actuar como “uma profecia que se auto-cumpre”: a partir do momento que existe uma imagem sobre como os elementos de um determinado grupo devem ser e comportar-se, qualquer das suas acções é interpretada de forma a confirmar essa imagem, sendo que as pessoas acabam por acreditar na sua pré-concepção, não dando oportunidade para que outra situação ocorra. Há várias evidências empíricas disto: por exemplo, Levy45 verificaram que as pessoas com percepção mais positiva do envelhecimento vivem até mais 7.5 anos, tais diferenças ocorrem mesmo quando se incluem variáveis como a saúde funcional, o nível socio-económico e o isolamento.

Esta tendência negativa estende-se aos próprios idosos, provavelmente porque caso não a assumam, serão ainda mais excluídos:46 para além de serem idosos (logo membros de um grupo estereotipado de forma negativa), se ainda se comportarem de modo a contrariarem as imagens dominantes, serão excluídos por uma segunda razão (desadequados, desajustados ou, até, senis ou dementes). Desta forma, os idosos subestimam as suas capacidades, o que pode favorecer, a perda prematura da independência, maior incapacidade, maiores níveis de depressão e, até, uma mortalidade precoce.

Os resultados dão algumas indicações sobre como promover a qualidade de vida e bem estar dos idosos através da remoção de algumas barreiras relacionadas com as imagens da velhice e do envelhecimento. Os principais obstáculos relacionados com as imagens são: a indefinição em relação à definição da velhice; o desconhecimento do processo de envelhecimento; a ambiguidade em relação ao desejo de ser velho.

A definição da velhice, tem tomado várias formas na literatura: baseado na idade cronológica, idade funcional ou em termos de acontecimentos de vida. No contexto dos nossos resultados parece que a chegada à velhice corresponde a um momento de perda de capacidades funcionais e isolamento, até aí pode ser vista como mais uma fase da vida, que concilia aspectos positivos e negativos, mas depois é a velhice em toda a sua conotação negativa.

As opiniões idadistas são, por norma, fruto do desconhecimento sobre as pessoas idosas e sobre a velhice e o processo de envelhecimento.47,48 Este desconhecimento leva a tomar os idosos como incapazes e dependentes, desanimados e vulneráveis, imagens que não são apoiadas pelos estudos de qualidade de vida dos idosos.

Depois, há ambiguidade relativa à própria velhice: “tememos a velhice quase tanto como tememos não viver o suficiente para a atingir”.2 Mais especificamente, a velhice é vista (quer por jovens, quer pelos próprios idosos) em sociedade através imagens desqualificantes e desvalorizadores
Esta visão negativa dos velhos na sociedade ocidental, provavelmente, ocorre porque o actual contexto de envelhecimento das populações é uma novidade. Até há bem pouco tempo atingir uma idade avançada era raro e as pessoas idosas representavam uma escassa franja da população, actualmente são o grupo mais numeroso.

Para reduzir o idadismo várias medidas terão de ser tomadas:49,50 por um lado, alterações nos sistemas que o perpetuam (tais como meios de comunicação social, instituições, políticas...), ou seja, desenvolvimento de programas especificamente desenhados com este fim, destinados à formação dos profissionais, aos idosos e à população em geral; estes programas deverão dar informação correcta sobre o processo de envelhecimento e destacar as atitudes idadistas (especialmente, como se diferenciam do processo de envelhecimento e que efeitos têm).

As principais limitações deste estudo residem na amostra que não é representativa da população portuguesa. Estudos futuros deveriam conjugar vários instrumentos na recolha dos dados (qualitativos e quantitativos), com o propósito de captar melhor as imagens da velhice e envelhecimento. Paralelamente, será importante em Portugal realizar estudos que façam emergir as imagens da velhice e do envelhecimento entre os profissionais que mais interagem com a população idosa.
Bibliografía del artículo
1. Sousa L, Galante H, Figueiredo D. Qualidade de vida e bem estar dos idosos - um estudo exploratório na população portuguesa. Rev Saúde Pública 2003; 37:364-371.
2. Walsh F. The family in later life. In B. Carter & M. McGoldrick (eds.) The changing family life cycle. Boston: Allyn and Bacon; 1989. p. 311-334.
3. Schaie K. Intellectual development in adulthood: the Seattle longitudinal study. Cambridge; Cambridge University Press; 1996.
4. Neri A, Freire S. Qual é a idade da velhice? In A. Neri & S. Freire (org.) E por falar em boa velhice. Campinas: Papirus Editora; 2000. p. 7-20.
5. Tadd W. Aging and agism in the 21st century. Rev Clin Gerontol 2000; 10: 203-205.
6. Simões A. Estereótipos relacionados com os idosos. Rev Port Pedagogia 1985; 19(2):207-235.
7. Neto F, Raveau F, Chiche J. Vieillesse et représentations. Cahiers d'Anthropologie et Biométrie Humaine, 1989; 3-4:209-228.
8. Neto F. Estereótipos etários. Psychologica 1992; 8:81-94.
9. Featherstone M, Hepworth M. Images of aging. In: Birren J, ed. Encyclopedia of Gerontology: Age, Aging and the Aged. San Diego: Academic Press, 1996:743-751.
10. Kunda Z. Social cognition. Cambridge: MIT Press, 1990.
11. Cuddy A, Fiske S. Doddering but dear: process, content and function in stereotyping of older persons. In: Todd N, ed. Ageism. Cambridge: Bradford Books, 2002:3-26.
12. Butler R. Age-ism: another form of bigotry. Gerontologist 1969; 9(4):243-246.
13. Bodenhause G. Stereotypes as judgmental heuristics. Psychol Sci 1990, 1:319-322.
14. Hausdorff J. Positive talk about elderly can have an effect on they function. J Am Geriatr Soc 1999, 22:13-28.
15. McCann R, Giles H. Ageism and the workplace: A communication perspective. In T. D. Nelson (Ed.) Ageism. Cambridge, MA: MIT Press, 2002:163-199.
16. Arluke A, Levin J. Another stereotype: old age as a second childhood. Ageing 1984, 8:7-11.
17. Kite M, Johnson B. Attitudes toward older and younger adults. Psychol Aging 1988, 3(3):233-244.
18. Revenson T. Compassionate stereotyping of elderly patients by physicians. Psychol Aging 1989, 4:230-234.
19. Palmore E. Ageism: positive and negative. New York: Springer, 1999.
20. Levy B, Hausdorff J, Hencke R, Wei J. Reducing cardiovascular stress with positive self-stereotypes of aging. J Gerontol 2000, 55:205-213.
21. Levy B, Ashman O, Dror I. To be or not to be: the effects of aging stereotypes on the will to live. J Death & Dying 2000, 40:409-420.
22. Curry L, Stone, J. Understanding elder abuse: The social problem of the 1990s. J Clin Geropsychol 1995, 1:147-156.
23. Lewis J, Johansen K. Resistances to psychotherapy with the elderly. American J Psychotherapy 1982, 36:497-504.
24. Reekie L, Hansen F. The influence of client age on clinical judgements of male and female social workers. J Gerontol Soc Work 1992, 19:67-82.
25. Goodstein R. Common clinical problems in the elderly: Camouflaged by ageism and atypical presentation. Psychiatri Annals 1985, 15:299-312.
26. Palmer B, Jeste D, Sheikh J. Anxiety disorders in the elderly: DSM-IV and other barriers to diagnosis and treatment. J. Affective Disord 1997, 46:183-190.
27. Wade S. Combating agism: An imperative for contemporary health care. Rev Clin Gerontol 2001, 11(3):285-294.
28. Gatz M, Pearson C. Ageism revised and provision of psychological services. Am Psychol 1988, 43:184-189.
29. Izal M, Montorio I. Comportamiento y salud en la vejez. En M. Izal, I. Montorio Gerontología conductual. Bases para la intervención y ámbitos de aplicación. Madrid: Síntesis, 1999:115-137.
30. Grau L, Chandler B, Saunders C. Nursing home residents' perceptions of the quality of their care. J Psychosocial Nurs 1995, 33:34-41.
31. Ryan E, Hummert M, Boich L. Communication predicaments of aging: Patronizing behavior toward older adults. J L Soc Psychol 1995, 14:144-166.
32. Hummel C. Images de la vieillesse, représentation de l'altérité. Université de Genève, 1995.
33. Hummert M. A social cognitive perspective on age stereotypes. In T. Hess, F. Blanchard-Fields (eds), Social cognition and aging. New York: Ac Press, 1999:207-248.
34. Lutsky N. Attitudes toward old age and elderly persons. In C. Eisdorfer (ed.), Annu Rev Gerontol Geriatr. New York: Springer, 1980.
35. Bailey W. Knowledge, attitude and psychosocial development of young and old adults. Educ Geront 1991, 17(3):269-274.
36. Harris M, Page P, Begay C. Attitudes toward aging in a southwestern sample. Psychol Rep 1988, 62(3):735-746.
37. Fernández Ballesteros R. Anatomia de los autoinformes. Eval Psicol, 1992, 8:3-26.
38. ONSA Protecção da acção social. Pessoa Idosa. Lisboa: Ministério da Segurança Social e do Trabalho, 2001.
39. Sousa L, Figueiredo D. Dependence and independence among old persons - realities and myths. Rer Clin Gerontol 2002, 12:269-273.
40. Sousa L, Figueiredo D. (In)dependência na população idosa - um estudo exploratório na população portuguesa. Psychologica 2003, 33:109-122.
41. Jackson L, Sullivan L. Age stereotypes disconfirming informations and evaluations of old people. J Soc Psychol 1988, 128(6):721-729.
42. Heikkinen RL. Ageing in autobiographical context. Ageing Soc 2000, 20:467-483.
43. Kornhaber A. Contemporary grandparenting. New York: Sage Publications, 1996.
44. Rowe J, Kahn R. Successful aging. New York: Pantheon Books, 1998.
45. Levy B, Slade M, Kunkel S, Kasl S. Longevity increased by positive self-perceptions of aging. J Pers Soc Psychol 2002, 83:261-270.
46. Simms M. A theory of age exclusion through closure: "chronological age" to "clinical need". J Ageing Stud 2004, 18:445-465.
47. Kaempfer D, Wellman N, Himburg S. Dietetics students' low knowledge, attitudes, and work preferences toward older adults indicate need for improved education about aging. J Am Dietetic Assoc 2003, 102(2):197-202.
48. Montorio I, Losada A, Márquez M, Izal M. Barreras para el acceso a los servicios de intervención psicosocial por parte de las personas mayores. Interv Psicosocial 2003, 12(3):301-324.
49. Rodeheaver D. When old age became a social problem, women were left behind The Gerontologist 1987, 27:741-746.
50. Sawchuck K. From gloom to boom: age, identity and target marketing. In: Featherstone M, ed. Images of aging: cultural representations of later life. London: Routledge, 1995:173-187.

© Está  expresamente prohibida la redistribución y la redifusión de todo o parte de los  contenidos de la Sociedad Iberoamericana de Información Científica (SIIC) S.A. sin  previo y expreso consentimiento de SIIC
anterior.gif (1015 bytes)

Bienvenidos a siicsalud
Acerca de SIIC Estructura de SIIC


Sociedad Iberoamericana de Información Científica (SIIC)
Mensajes a SIIC

Copyright siicsalud© 1997-2024, Sociedad Iberoamericana de Información Científica(SIIC)