siiclogo2c.gif (4671 bytes)
PREVALÊNCIA AUMENTADA DE SÍNDROME METABÓLICA EM PACIENTES COM TRANSTORNOS MENTAIS
(especial para SIIC © Derechos reservados)
Autor:
Paulo José Ribeiro Teixeira
Columnista Experto de SIIC

Institución:
Instituto de Previdência dos Servidores do Estaod de Minas Gerais (IPSEMG)

Artículos publicados por Paulo José Ribeiro Teixeira 
Coautor Paulo José Ribeiro Teixeira* 
Médico, Instituto de Previdência dos Servidores do Estaod de Minas Gerais (IPSEMG), Minas Gerais, Brasil*


Recepción del artículo: 0 de , 0000
Aprobación: 6 de junio, 2007
Conclusión breve
Os estudos encontrados nessa revisão indicam prevalência aumentada de síndrome metabólica em pacientes com transtornos mentais graves. Em se tratando de pacientes com esquizofrenia ou transtorno esquizoafetivo, os estudos são concordantes em apontar para uma prevalência elevada de SM. Um único estudo encontrado constatou prevalência discretamente aumentada de síndrome metabólica em pacientes com transtorno bipolar.

Resumen



Clasificación en siicsalud
Artículos originales> Expertos del Mundo>
página www.siicsalud.com/des/expertos.php/90459

Especialidades
Principal: Endocrinología y MetabolismoSalud Mental
Relacionadas: Atención PrimariaCardiologíaEpidemiologíaFarmacologíaMedicina Interna

Enviar correspondencia a:
Paulo José Ribeiro Teixeira, Instituto de Previdência dos Servidores do Estaod de Minas Gerais (IPSEMG), 30112-000, Minas Gerais, Brasil



PREVALÊNCIA AUMENTADA DE SÍNDROME METABÓLICA EM PACIENTES COM TRANSTORNOS MENTAIS

(especial para SIIC © Derechos reservados)
Artículo completo
A associação de uma dieta excessivamente calórica e rica em lipídeos com pouca atividade física, tão comum em nossos dias, tem resultado em uma epidemia mundial de obesidade e de doenças ligadas ao metabolismo da glicose. Dentre as doenças ligadas ao metabolismo da glicose, destaca-se a síndrome metabólica (SM), um transtorno de alta prevalência na população em geral, formado por um conjunto de fatores de risco cardiovascular relacionados à deposição central de gordura e à resistência à insulina.1 O objetivo deste estudo foi revisar a literatura médica, buscando estudos epidemiológicos que avaliaram a prevalência ou incidência de SM em pacientes portadores de transtornos mentais, bem como dos distúrbios metabólicos que a constituem.

Dezesseis estudos epidemiológicos sobre prevalência de SM em populações psiquiátricas foram encontrados. Outros 24 estudos apresentaram dados de prevalência ou incidência de distúrbios constituintes da SM (obesidade, distúrbios do metabolismo da glicose, hipertensão arterial e dislipidemias) em populações psiquiátricas.

Três estudos avaliaram populações psiquiátricas sem diagnóstico específico e verificaram taxas de prevalência de 29.2% a 46%.2-4 Pacientes com esquizofrenia ou transtorno esquizoafetivo foram objetos de onze estudos, e, em nove deles, constatou-se uma prevalência elevada de SM, pelos critérios do NCEP (National Cholesterol Education Program).5-13 Destes, o estudo realizado na Holanda apresentou a menor prevalência de SM (28.4%); todavia, esse valor foi mais de duas vezes a prevalência de SM na população.7 Os dois estudos restantes encontraram taxas inferiores a esses valores. Um deles utilizou critérios diagnósticos próprios, não descritos pelos autores, e constatou prevalência de 22.2% em pacientes internados.14 O outro estudo avaliou indivíduos com esquizofrenia participantes do Northern Finland 1966 Birth Cohort e obteve prevalência de 19.4%, inferior aos valores citados, mas 3.7 vezes maior que a do grupo-controle.15

Um único estudo foi encontrado envolvendo pacientes com transtorno bipolar, com prevalência de 30% para SM.16 Não foram encontrados estudos envolvendo pacientes com diagnóstico atual de depressão unipolar. Todavia, um estudo avaliou, nos Estados Unidos, a prevalência de SM em indivíduos com história de transtorno depressivo maior, participantes do NHANES III (Third National Health and Nutrition Examination Survey).17 Em mulheres jovens (17 a 39 anos), a prevalência encontrada foi de 12.3%, taxa duas vezes maior que a do grupo-controle.

Tomados em conjunto, os estudos expostos nesta revisão sugerem que pacientes portadores de transtornos mentais mais graves, como esquizofrenia e transtornos esquizoafetivos, apresentam probabilidade maior de serem acometidos por SM. O mesmo pode não ocorrer em se tratando de transtorno bipolar, haja vista que, no único estudo envolvendo pacientes com esse transtorno, a prevalência de SM encontrada foi apenas discretamente superior à dos valores populacionais.

Não foi possível concluir com certeza sobre a existência de associação positiva entre SM e depressão. O único estudo encontrado17 constatou prevalência aumentada de SM em mulheres com história de depressão, mas não em homens. Ademais, outras avaliações de prevalência ou incidência de distúrbios do metabolismo da glicose em pacientes deprimidos ou com escores elevados de sintomas depressivos apresentaram resultados contraditórios.18-23

É importante notar que, apesar das altas taxas de SM em indivíduos esquizofrênicos, prevalência aumentada de obesidade nessa população não foi constatada por Brown et al.24 na Inglaterra, ou por Allison et al.25 nos Estados Unidos. Tais achados podem ser creditados à existência de porcentagem significativa de esquizofrênicos com baixo peso e à maior incidência de adiposidade visceral nessa população, independentemente da existência de obesidade.26

A maior prevalência de SM em populações psiquiátricas explica-se por uma causalidade multifatorial, em que se incluem fatores ligados ao estilo de vida desses pacientes, fatores genéticos e o uso de psicofármacos. Sabe-se que alimentação inadequada e estilo de vida sedentário desempenham papéis importantes na gênese da SM. Indivíduos com esquizofrenia ou transtorno bipolar realizam pouca atividade física e consomem dieta pouco saudável.24,26,27 Variáveis psicossociais relacionadas ao estresse podem estar envolvidas. Sentimentos de cansaço excessivo ou traços de personalidade que refletem um estilo de vida estressante correlacionam-se significativamente com hiperinsulinemia, hiperglicemia, dislipidemia, hipertensão e obesidade central.28 Pacientes com esquizofrenia podem apresentar redução da atividade em lobo frontal de uma substância denominada brain-derived neurotrophic factor (BDNF), o que também está relacionado à menor sensibilidade à insulina.29 Estudos em populações orientais sugerem que polimorfismos de genes relacionados à insulina e à tirosina-hidroxilase associam-se tanto à resistência à insulina como à depressão.30 Por fim, sofrimento perinatal é fator predisponente para desenvolvimento de resistência à insulina e também está implicado na gênese da esquizofrenia.31,32

Todavia, é razoável suspeitar que o uso de psicofármacos, principalmente antipsicóticos atípicos, seja provavelmente a causa mais importante da maior prevalência de SM em pacientes psiquiátricos. Antipsicóticos atípicos estão associados a uma maior incidência de obesidade, diabetes mellitus e dislipidemias.33 Um estudo comparativo com pacientes esquizofrênicos com ou sem história de uso de antipsicóticos, constatou que o uso prévio de antipsicóticos foi responsável pela maior resistência à insulina encontrada nesses pacientes.34

Limitações quanto aos resultados dessa revisão devem ser salientadas. Alguns estudos sobre prevalência de SM em populações psiquiátricas envolveram um número muito pequeno de pacientes. Ademais, em sua maioria, os valores encontrados foram obtidos de pacientes encaminhados a centros de referência ou a partir da avaliação inicial de pacientes incluídos em ensaios com psicofármacos. Assim, é possível que representem, na verdade, a prevalência de SM em pacientes com transtornos mentais de difícil tratamento. Há, contudo, exceções. O estudo que avaliou a prevalência de SM em indivíduos com história de depressão é bastante representativo da população norte-americana, haja vista ter sido realizado utilizando dados do NHANES III; todavia, não pode ser generalizado para pacientes que estejam vivenciando um episódio depressivo.17 Por fim, a amostragem de indivíduos esquizofrênicos em um estudo realizado na Escandinávia foi realizada a partir de um banco de dados representativo da população local.15 Seus resultados, no entanto, devem ser encarados com reservas devido ao número pequeno de pacientes e à limitada faixa etária que representam.
Bibliografía del artículo
1. Reaven GM. Syndrome X: 6 years later. J Int Med 236(Suppl.736):13-22, 1994.

2. Straker D, Correll CU, Kramer-Ginsberg E, Abdulhamid N, Koshy F, Rubens E, et al. Cost-effective screening for the metabolic syndrome in patients treated with second-generation antipsychotic medications. Am J Psychiatry 162:1217-21, 2005.

3. Correll CU, Frederickson AM, Kane JA, Manu P. Metabolic syndrome and the risk of coronary heart disease in 367 patients treated with second generation antipsychotic drugs. J Clin Psychiatry 67:575-83, 2006.

4. Crabtree LH. Offsetting metabolic abnormalities and premature death in medicated patients. In: 157th annual meeting of the American Psychiatry Association New York. Abstract 545, 2004.

5. Basu R, Brar JS, Chengappa KNR, John V, Parepally H, Gershon S, et al. The prevalence of the metabolic syndrome in patients with schizoaffective disorder - bipolar subtype. Bipolar Disord 6:314-8, 2004.

6. Cohn T, Prud'homme D, Streiner D, Kameh H, Remington G. Characterizing coronary heart disease risk in chronic schizophrenia: high prevalence of metabolic syndrome. Can J Psychiatry 49:753-60, 2004.

7. De Hert MA, Van Winkel R, Van Eyck D, Hanssens L, Wampers M, Scheen A, Peuskens J. Prevalence of the metabolic syndrome in patients with schizophrenia treated with antipsychotic medication. Schizophr Res 83:87-93, 2006.

8. Hagg S, Lindblom Y, Mjorndal T, Adolfsson R. High prevalence of the metabolic syndrome among a Swedish cohort of patients with schizophrenia. Int Clin Psychopharmacol 21:93-8, 2006.

9. Heiskanen T, Niskanen L, Lyytikäinen R, Saarinen PI, Hintikka, J. Metabolic syndrome in patients with schizophrenia. J Clin Psychiatry 64:575-9, 2003.

10. Kato MM, Currier MB, Gómez CM, Hall L, González Blanco M. Prevalence of metabolic syndrome in hispanic and non-hispanic patients with schizophrenia. Prim Care Companion J Clin Psychiatry 6:74-7, 2004.

11. McEvoy JP, Meyer JM, Goff DC, Nasrallah HA, Davis SM, Sullivan L, et al. Prevalence of the metabolic syndrome in patients with schizophrenia: baseline results from the Clinical Antipsychotic Trials of Intervention Effectiveness (CATIE) schizophrenia trial and comparison with national estimates from NHANES III. Schizophr Res 80:19-32, 2005.

12. Meyer J, Loh C, Leckband SG, Boyd JA, Wirshing WC, Pierre JM, Wirshing D. Prevalence of the metabolic syndrome in veterans with schizophrenia. J Psychiatr Pract 12:5-10, 2006.

13- Pandina GJ, Greenspan A, Bossie C, Turkoz I, Morein J, Meyer JM. Metabolic syndrome in patients with schizophrenia. In: 157th annual meeting of the American Psychiatric Association, New York. Abstract 584, 2004.

14- Littrell KH, Petty RG, Ortega TR, Moore D, Ballard A, Clough R, et al. Insulin resistance and syndrome X among patients with schizophrenia. In: 156th annual meeting of the American Psychiatric Association, San Francisco. Abstract 550, 2003.

15. Saari KM, Sari ML, Villo KM, Isohanni MK, Järvelin MR, Laurén LH, et al. A 4-fold risk of metabolic syndrome in patients with schizophrenia: the Northern Finland 1966 Birth Cohort Study. J Clin Psychiatry 66:559-63, 2005.

16. Fagiolini A, Frank E, Scott JA, Turkin S, Kupfer DJ. Metabolic syndrome in bipolar disorder: findings from the Bipolar Disorder Center for Pennsylvanians. Bipolar Disord 7:424-30, 2005.

17. Kinder LS, Carnethon MR, Palaniappan LP, King AC, Fortmann SP. Depression and the metabolic syndrome in young adults: findings from the Third National Health and Nutrition Examination Survey. Psychosom Med 66:316-22, 2004.

18. Carnethon MR, Kinder LS, Fair JM, Randall SS, Fortmann SP. Symptons of depression as a risk factor for incident diabetes: findings from the National Health and Nutrition Examination Epidemiologic Follow-up Study, 1971-1992. Am J Epidemiol 158:416-23, 2003.

19. Everson-Rose SA, Meyer PM, Powell LH, Pandey D, Torréns JI, Kravitz HM, et al. Depressive symptons, insulin resistance, and risk of diabetes in women at midlife. Diabetes Care 27:2856-62, 2004.

20. Lawlor DA, Smith GD, Ebrahim S. Association of insulin resistance with depression: cross sectional findings from the British women's heart and health study. BMJ 327:1383-4, 2003.

21. Lawlor DA, Ben-Shlomo Y, Ebrahim S, Smith GD, Stansfeld SA, Yarnell JWG, Gallacher JEJ. Insulin resistance and depressive symptons in middle aged men: findings from the Caerphilly prospective cohort study. BMJ 330:705-6, 2005.

22. Okamura F, Tashiro A, Utumi A, Towako I, Takatosi S, Tamura D, et al. Insulin resistance in patients with depression and its changes during the clinical course of depression: minimal model analysis. Metabolism 49:1255-60, 2000.

23. Timonen M, Laakso M, Jokelainen J, Rajala U, Meyer-Rochow VB, Keinänen-Kiukaanniemi S. Insulin resistance and depression: cross ectional study. BMJ 330:17-8, 2005.

24. Brown S, Birtwistle J, Roe L, Thompson C. The unhealthy lifestyle of people with schizophrenia. Psychol Med 29:697-701, 1999.

25. Allison DB, Fontaine KR, Heo M, Mentore JL, Cappelleri JC, Chandler LP, et al. The distribution of body mass index among individuals with and without schizophrenia. J Clin Psychiatry 60:215-20, 1999.

26. Ryan MCM, Thakore JH. Physical consequences of schizophrenia and its treatment - the metabolic syndrome. Life Sciences 71:239-57, 2002.

27. Elmslie JL, Mann JI, Silverstone JT, Williams SM, Romans SE. Determinants of overweight and obesity in patients with bipolar disorder. J Clin Psychiatry 62:486-91, 2001.

28. Räikkönen K, Keltikangas-Järvinen L, Adlercreutz H, Hautanen A. Psychosocial stress and the insulin resistance syndrome. Metabolism 45:1533-8, 1996.

29. Peet M. Diet, diabetes and schizophrenia: review and hypothesis. Br J Psychiatry 184(Suppl.470):102S-5S, 2004.

30. Ramasubbu R. Insuline resistance: a metabolic link between depressive disorder and atherosclerotic vascular diseases. Medical Hypothesis 59:537-51, 2002.

31. Hofman PL, Regan F, Jackson WE, Jefferies C, Knight DB, Robinson EM, Cutfield WS. Premature birth and later insulin resistance. N Engl J Med 351:2179-86, 2004.

32. Holt RIG, Peveler RC, Byrne CD. Schizophrenia, the metabolic syndrome and diabetes. Diabet Med 21:515-23, 2004.

33. American Diabetes Association, American Psychiatric Association, American Association of Clinical Endocrinologists, North American Association for the Study of Obesity. Consensus Development Conference on Antipsychotic Drugs and Obesity and Diabetes. J Clin Psychiatry 65:267-72, 2004.

34. Arranz B, Rosel P, Ramírez N, Dueñas R, Fernández P, Sánchez JM, Navarro MA, San L. Insulin resistance and increased leptin concentrations in noncompliant schizophrenia patients but not in antipsychotic-naive first-episode schizophrenia patients. J Clin Psychiatry 65:1335-42, 2004.

© Está  expresamente prohibida la redistribución y la redifusión de todo o parte de los  contenidos de la Sociedad Iberoamericana de Información Científica (SIIC) S.A. sin  previo y expreso consentimiento de SIIC
anterior.gif (1015 bytes)

Bienvenidos a siicsalud
Acerca de SIIC Estructura de SIIC


Sociedad Iberoamericana de Información Científica (SIIC)
Mensajes a SIIC

Copyright siicsalud© 1997-2024, Sociedad Iberoamericana de Información Científica(SIIC)