DIABETES MELLITUS: UMA POPULAÇÃO SUBTRATADA E COM MAU (MAL) PROGNÓSTICO NO (EN EL) CONTEXTO DE SÍNDROMES CORONÁRIAS AGUDAS
Carolina Négrier Lourenço
Cardiologista, Cardiologista, Hospitais da Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal
Coimbra, Portugal (SIIC)
A população diabética é subtratada no contexto de síndromes coronárias agudas. Doentes (enfermos) de tão elevado risco, não devem ser privados do benefício da estratégia invasiva e do pleno uso dos agentes cardiovasculares. Os doentes com pior prognóstico podem ser identificados através de simples indicadores clínicos na admissão.
A diabetes mellitus é reconhecidamente um poderoso factor de risco (riesgo) para doença (enfermedad) cardiovascular. Com o progressivo aumento desta (de esta) patologia verificado nas últimas décadas tem-se observado um crescimento paralelo da sua incidência em populações com síndromes coronárias agudas. A doença cardiovascular é também a principal causa de morte no doente (enfermo) com diabetes. Apesar dos avanços (avances) ocorridos no tratamento e prognóstico das síndromes coronárias agudas, os doentes com diabetes continuam a representar uma população de alto risco e com pior prognóstico. De acordo com estes dados (datos), e uma vez que esta população apresenta um risco superior de eventos cardiovasculares após (luego de) síndromes coronárias agudas - tais como insuficiência cardíaca, novos eventos isquémicos e morte -reveste-se de particular importância a optimização da sua abordagem e o reconhecimento precoce (precoz) dos doentes de maior risco.
No presente artigo os autores apresentam um estudo longitudinal, observacional e retrospectivo de uma população do “mundo real” que inclui (incluye) 471 doentes com diabetes mellitus, previamente conhecida ou diagnosticada de novo, internados por síndromes coronárias agudas num (en un) único centro entre Maio 2004 e Dezembro de 2006. Focam-se (Se focalizan) na sua caracterização, na descrição do tratamento a que foram submetidos (sometidos) e no seu prognóstico intra-hospitalar e a um ano, nomeadamente (principalmente) a ocorrência de hospitalização por insuficiência cardíaca, ocorrência de eventos cardiovasculares adversos major e morte. Foi dada especial ênfase (énfasis) aos preditores independentes de ocorrência de eventos cardiovasculares adversos a longo prazo (largo plazo), como potenciais alvos (objetivos) na identificação de doentes de maior risco a requererem uma abordagem ainda mais agressiva. Os autores verificaram que uma significativa percentagem da população total de doentes com síndromes coronárias agudas considerada tinha (presentaba) diabetes. Trata-se de uma população com elevada incidência de factores de risco cardiovascular, doença coronária prévia e outras comorbilidades, apresentando uma significativa taxa (tasa) de eventos cardiovasculares no seguimento clínico a 1 ano. Foram (Fueron) ainda (además) analisados os preditores independentes da ocorrência de eventos em vários períodos de seguimento clínico (um mês, 6 meses e um ano). Os preditores independentes mais poderosos para a ocorrência de insuficiência cardíaca, eventos cardiovasculares adversos major ou morte foram: valores elevados de glicemia na admissão, insuficiência renal, fracção (fracción) de ejecção do ventrículo esquerdo baixa e classe de Killip Kendal elevada na admissão. Os autores chamam (llaman) a atenção para estes dados, simples de obter clinicamente e que fornecem (brindan) poderosa informação prognóstica. Foi ainda verificado o papel protector da estratégia invasiva e do uso da terapêutica médica recomendada pelas principais directrizes clínicas. Estes últimos dados não são inéditos, dado já terem sido (ya fueron) referidos em vários estudos; como tal, a estratégia invasiva e a optimização da terapêutica médica estão universalmente indicados. No entanto, os autores chamam particular atenção para os mesmos, dada a baixa taxa de recurso a estes procedimentos nesta população relativamente ao recomendado, à semelhança do que é verificado em estudos e registos internacionais recentes. Com esta investigação é, uma vez mais, confirmado o paradoxo (paradoja) já previamente descrito, em que uma população de tão elevado risco é privada dos procedimentos cardiovasculares aconselhados, provavelmente e em grande medida por receio (temor) da ocorrência de efeitos secundários numa população tão fragilizada (susceptible).
Os autores consideram que as mensagens mais importantes a serem transmitidas como resultado deste estudo são que a população diabética é subtratada no contexto de síndromes coronárias agudas. Doentes de tão elevado risco, não devem ser privados do benefício da estratégia invasiva e do pleno uso dos agentes cardiovasculares. Os doentes com pior prognóstico podem ser identificados através de simples indicadores clínicos na admissão, nomeadamente a fracção de ejecção do ventrículo esquerdo, a classe de Killip Kendal, a glicemia e a função renal. Tendo (Teniendo) estas mensagens em mente e dando à diabetes um maior peso na estratificação do risco nas síndromes coronárias agudas, poder-se-á (se podrá) contribuir para uma melhoria do prognóstico desta população. Os autores chamam ainda a atenção para a significativa proporção de doentes nesta amostra (muestra) com diabetes diagnosticada durante o internamento e, consequentemente, para a importância da identificação precoce desta patologia em população com síndromes coronárias agudas.